Em 30 de dezembro, bem no final do ano, o mundo tecnológico foi abalado pela notícia: a Meta, de Mark Zuckerberg, adquiriu a startup Manus. Este evento já é considerado a terceira maior aquisição da história da corporação, perdendo em escala apenas para as compras do WhatsApp e da Scale AI.
O negócio é notável não só pelo valor, mas também pela rapidez com que foi concluído, bem como pela reviravolta estratégica que representa para a Meta.
Crescimento fenomenal e o «cheque» do negócio
A Manus não é apenas mais uma startup de IA. É uma empresa que estabeleceu um recorde histórico de velocidade de crescimento. Apenas 8 meses após o seu lançamento, a Manus atingiu uma receita anual recorrente (ARR) de US$ 100 milhões. Para efeito de comparação: 12 dias antes do anúncio do negócio, a empresa divulgou publicamente essa conquista, o que provavelmente serviu de gatilho para a Meta agir rapidamente.
Os detalhes financeiros do negócio são impressionantes:
- Avaliação: analistas estimam o valor da aquisição entre US$ 1,55 bilhão e US$ 2 bilhões.
- Rapidez: as negociações e a formalização do negócio levaram apenas cerca de 10 a 12 dias. A equipa da Manus inicialmente hesitou, pois estava em processo de captação de investimentos avaliados em US$ 2 bilhões, mas os argumentos (e recursos) de Zuckerberg foram mais convincentes.
- Investidores: O negócio foi um enorme sucesso para os primeiros investidores. Por exemplo, o fundo Benchmark quadruplicou os seus investimentos em apenas alguns meses, e o fundo chinês ZhenFund, que apoiou a equipa durante 10 anos, fez uma das apostas mais bem-sucedidas da sua história.
Estratégia «Full Stack»
A aquisição da Manus permite à Meta fechar o ciclo de propriedade das tecnologias de IA, construindo uma poderosa vertical:
- Dados: Scale AI (dados para aprendizagem).
- Modelos: Llama (modelos linguísticos próprios de grande porte).
- Aplicações: Manus (produto final para o utilizador).
Ao contrário do Google ou da Microsoft, que muitas vezes dependem de desenvolvimentos internos, a Meta compra agressivamente soluções prontas para colocá-las no mercado mais rapidamente. Um detalhe interessante: o diretor-geral da Manus, Xiao Hong, não se reportará ao diretor técnico (CTO), mas ao diretor operacional (COO) da Meta. Isso indica que Zuckerberg vê os agentes de IA não apenas como tecnologia, mas como uma ferramenta para aumentar a eficiência operacional dos negócios.
Quem está por trás da Manus?
A história da Manus é uma trajetória de perseverança. O fundador Xiao Hong e os seus principais parceiros são ex-alunos da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong (China). Eles não tinham diplomas de universidades ocidentais de prestígio nem experiência de trabalho em grandes empresas de tecnologia americanas.
- A equipa começou num apartamento comum, passando pela criação de pequenos plug-ins até o desenvolvimento de um agente capaz de escrever código e realizar pesquisas complexas de forma independente.
- A mudança da sede para Singapura foi um passo estratégico que facilitou a atração de investimentos internacionais e a venda subsequente.
- Até o momento da transação, a Manus processou mais de 147 trilhões de tokens e criou mais de 80 milhões de unidades virtuais de computador.
O próprio Mark Zuckerberg confessou ao fundador que há muito tempo é um utilizador ativo do Manus.
O que acontecerá a seguir?
Apesar da aquisição, a Manus manterá certa autonomia. A equipa permanecerá em Singapura e o produto continuará a existir como um serviço independente para os utilizadores atuais.
No entanto, o objetivo principal é uma integração profunda. As tecnologias da Manus serão implementadas no ecossistema Meta (WhatsApp, Instagram), transformando essas plataformas de entretenimento em poderosas ferramentas de produtividade. Esta é uma medida «defensiva» da Meta contra a OpenAI e o Google, destinada a consolidar a liderança no campo dos agentes de IA.

Em 8 meses, a receita anual renovável atingiu US$ 100 milhões.
